quarta-feira, 25 de novembro de 2015



O teu vento veio de longe.Veio calmo, fazendo cair algumas folhas e flores daquela velha jaboticabeira, que há tempos não dá frutos.
O teu vento não é brisa, balançou lá no alto as folhas do coqueiro ,espantando até o passarinho vermelho que la vivia.
O teu vento carrega as nuvens, traz com ele o unico barulho a ecoar na madrugada. Sutil, o teu vento é mistico, não se mostra de onde veio e nem pra onde vai. Ele dança entre frestas e caminhos que ele mesmo escolhe passar.
O teu vento é teu perfume, doce, ele é capaz de se prender ao mais pequeno dos espaços da mente criando as mais vivas memórias e desejos. O teu vento entrou sem bater, mesmo com todas as portas  e janelas fechadas. Tirou pra dançar o menssageiro dos ventos que por muito tempo implorava por uma dança, mesmo que fosse breve.
O teu vento é musica, nota por nota ele ocupa a minha alma, cantando bem baixinho para não me acordar.
O teu vento, leve, ja levou o meu sono igual levou o passarinho. Sem fazer barulho algum, bagunçou todo o quintal.
Ah! O teu vento me acalma e quando me encara, eu até desvio o olhar.
Vai que vira ventania...

quarta-feira, 8 de julho de 2015



Me ver sendo obrigado a esquece-la foi como estragar o uísque colocando pedras de gelo, mas por mais que eu acreditasse que a fuga da realidade fosse na mesma proporção, o gelo fazia parecer que havia mais uísque no copo do que realmente tinha.


Farewell dear...

Cartas ao passado capitulo II

quarta-feira, 1 de julho de 2015


Eu já tentei mudar o que não havia como mudar e sabia disso. Já tentei mudar o passado, voltar no tempo e acreditar em todas as minhas mentiras pelo tempo que fosse necessário até que elas se tornassem verdades.
Eu já acreditei que os dias eram todos iguais enquanto me iludia com a ideia de que a culpa era sempre dos outros. Quando acertava, o mérito nunca era meu.
Eu já acreditei no amor e não me conformava com a ideia de outra pessoa não sentir por mim o mesmo que eu sentia por ela e quando era o contrário eu simplesmente achava normal.
Eu já pulei de felicidade e cantei musicas que eu nem sabia a letra em raras noites enquanto voltava pra casa depois de estar com alguém que simplesmente me fez feliz por poucas horas ou por ter vivido bons momentos mesmo sabendo que aquilo não seria repetido ou que simplesmente não duraria o suficiente para que os próximos dias fossem iguais aos dos meus pensamentos.
Eu já valorizei o que não merecia ser valorizado e não dei a minima a possibilidades que provavelmente teriam dado rumos bem diferentes a minha vida.
Incontáveis vezes eu ja perdi o sono pensando em alguém que provavelmente não fazia nem ideia disso, pensando nos problemas mais do que em soluções pra eles e fui egoísta o suficiente para afastar de mim pessoas que na verdade eu precisava era ter por perto.
Eu já dei flores, escrevi poemas, musicas e me declarei. Já amei, fui amado, rejeitado e já rejeitei.
Vivi uma vida que não era a minha e vendi meus sonhos a preços ridículos.
Já me entreguei a inércia de existir em um mundo onde eu ainda não entendi o meu propósito, mas sigo lutando contra eu mesmo a cada suspiro de uma nova manhã e os sonhos que ainda me restam resistem bravamente em cada canto da minha alma.

Cartas ao passado, capitulo I.

quarta-feira, 3 de junho de 2015



A magia se perdeu.


Agora o básico é lei, sem historias pra contar enquanto os momentos são fundados na mediocridade vazia de quem não da a minima para o agora.
As rosas que um dia ilustravam os segundos mais intensos daquele que passou horas criando coragem para explicitar a importância de alguém naquele momento da vida dele agora não passam de um clichê atemporal que aos poucos desaparecerá dessa realidade sem graça e pouco interessante.
Já não se perdem mais uns nos outros os olhares sonhadores que em outros tempos ao se cruzarem, arrepiavam cada pelo de um corpo estremecido. As folhas secas cobrem os bancos da praça, o por do sol nunca mais foi o cenário para os abraços que selavam a magia de viver e a lua cheia agora é figurante nas noites que se repetem incansavelmente sem nada de novo pra contar...


Não, não questione a intensidade que provém daqueles que não conseguem viver a vida a meio termo. Não julgue aqueles que já não mais andam nos trilhos e não se entregam ao comum e linear.
Não procure entender o jeito maluco e as vezes até inconsequente que eles levam a vida pois para eles, uma vida toda acontece em um segundo, sem planos que os desviem do momento presente.
Muitos te darão flores mesmo antes de saber o seu nome. elogiarão os seus olhos sem ao menos você ter encarado os dele e talvez até vão se apaixonar pela sua risada segundos antes de te conhecer.  Para eles, o básico não basta, eles querem histórias pra contar, momentos intensos e dignos de serem lembrados.
Eles querem o por do sol, querem uma noite de lua cheia, querem deitar na grama, se embriagar de vinho e não ter hora pra voltar a lugar algum.
Estes não se perdem na rotina nem reclamam do caminho que escolheram seguir, não se preocupam com a hora de dormir e desejam somente aquilo que a vida mostra ser necessário para faze-los sorrir.
.Não procure entende-los e  nem se arrisque a questiona-los, eles são amantes a moda antiga, poetas da vida e cada instante é uma linha escrita em uma página em branco de um livro qualquer. Esperam pelo amor, são eternos sonhadores, vivem cada instante, por mais simples que seja, com toda a vitalidade possível e se arriscam sem receio. Já sofreram o suficiente pra entender que nascemos pra errar mesmo e que o futuro é tão abstrato quanto deve ser o passado.
Eles não precisam saber de onde vieram e não dão a minima para onde vão, eles querem estar aonde for preciso estar e ali viver o que deve ser vivido.





segunda-feira, 20 de abril de 2015



Se eu pudesse lutaria contra os ventos para que não entrassem pelas frestas incomodando o teu sono e te impedindo de sonhar com tudo aquilo que deseja viver.
Não suspiraria a cada vez que a tua imagem fosse plano de fundo da minha mente.
Ouviria toda história que você quisesse compartilhar, daria risadas de suas piadas por mais sem graça que parecessem. Te abraçaria quando não tivesse mais pra onde correr, meus ombros seriam seus para teu choro ,fossem eles de alegria ou de tristeza.
Buscaria em teus olhos toda calmaria da vida nos momentos mais difíceis, do teu sorriso tiraria minha dose diária de felicidade, torcendo para que aquilo durasse.
Sairia de onde eu estivesse para passar qualquer segundo com você.
Se eu pudesse cantaria ,mesmo que desafinado, a musica que você mais gosta, escreveria os versos mais clichês mas que de certa forma te fariam entender.
Te beijaria tempo suficiente para que toda essa realidade deixasse de existir.
Seria teu cúmplice, te conquistaria todos os dias, viveria a vida que fosse necessária viver, gastaria todo seu batom no espelho do banheiro só pra te lembrar que você me fez mais feliz.
Te lembraria todos os dias da sua beleza encantadora, prenderia a respiração só pra não perder o seu perfume.
Se eu pudesse eu te amaria, mas te amaria em silencio para não acordar os seus medos...


domingo, 12 de abril de 2015



Olho por olho, eu prefiro olhar nos teus.
Eu os aceito, sem receio, mas não espero que faça o mesmo com os meus.
Não somente eu os aceito pelo conforto que eles me trazem quando te vejo, mas também pelo seu brilho encantador , pelo sorriso escancarado que eles me provocam e pelo incontrolável desejo de te-los por perto pelo tempo que conseguir.
Mas não quero só teus olhos.
Quero os seus beijos, seus sonhos, quero o seu abraço , te aquecer numa noite fria embriagados de um vinho barato enquanto falamos coisas sem sentido.
Eu quero entrelaçar as mãos em seus cabelos até você pegar no sono, quero te ver dormir, te ver acordar e te fazer rir depois de um dia ruim.
Quero encostar meu rosto no seu ,ouvir a sua respiração e esquecer que o tempo passa.
Eu quero fechar os olhos e mesmo assim não deixar de te ver.

domingo, 5 de abril de 2015


Ela não fazia ideia do causara a aquele que buscava por respostas em seus olhos.
Bastaram poucas noites para que a velha intuição voltasse a dar sinais que ele um dia desejou não ter mais. Ela realmente não fazia ideia, mas ele já sabia desde a primeira noite de lua cheia.
Os olhos dela brilhavam quase que mais intensos que a majestosa regendo os céus, seu toque era sutil, quase que imperceptível se não fosse aquela troca de olhares e os rostos se tocando lentamente.
Os beijos demorados eram como aquele filme de duas horas que a todo instante desejávamos que tivessem mais três, e mais três, e uma sequencia, mas não era qualquer beijo, o universo desaparecia por instantes e ele entrava em transe, perdia totalmente o controle do tempo e da realidade em que estava segundos atras, nada mais existia alem dela.
Nenhuma nuvem cobria o céu, a grama fria deixava de ser incomoda e o som que saia do violão regia os momentos mais incríveis da noite, felizmente, indescritíveis. Com o calor de seus abraços, o frio já não existia mais e a vontade de ficar ali era unica.
Ela não fazia ideia do que aquilo representava a alguém que buscava viver uma vida em um momento.
O coração acelerado buscava ritmo na respiração, te-la ali a sua frente fora o melhor anestésico que encontrara em vida simplesmente ao observa-la, sem piscar e atento ao sorriso encantador que nela se desenhava em alguns momentos. Comparava o que o sorriso dela lhe causava com a sensação de felicidade de quando tinha sua alma lavada pela chuva nos dias de verão.
Ele sorria a todo instante, se sentia bem como há tempos não se sentia, mas não queria aceitar o fato de que a possibilidade daquilo durar pouco era certa.
Envolve-la em seus braços, para ele, era como envolver o mundo e o perfume que dela emanava permanecera por horas e horas, inspirando os desejos mais espontâneos de vê-la novamente.
Ele sabia que precisava eternizar cada segundo, cada beijo e cada olhar pois já tinha a certeza de que juntamente com a noite, eles iriam desaparecer e a levariam junto, sem rastro algum e ao amanhecer a sensação de que tudo não havia passado de um sonho seria inevitável.
Ela não fazia ideia, mas ele já sabia...