sexta-feira, 22 de março de 2013



o que eu perdi um dia encontrarei
mas daquilo que abri mão de ter,
por medo, vai saber
pras minhas mãos não volta ,eu sei...

terça-feira, 19 de março de 2013



Apesar de que eu já não mais consiga vê-la em minha mente tão nítida como em outras noites, seu perfume ainda vaga perdido na brisa, insistindo em habitar minha memória olfativa. Ainda me lembro dos seus olhos, do seu olhar distante e cheio de questionamentos relutantes em saber as respostas pelos quais buscava. Ainda me lembro da sua risada,não, não era uma risada comum, ela tinha vida. Entrava em meus ouvidos e naturalmente me fazia rir junto, quase que me obrigando a fazer ou falar algo engraçado só pra poder ouvi-la rir novamente. Tal como seu sorriso, não me cansava de olhar para aquele sorriso, enquanto seus lábios, suavemente estendiam-se em seu rosto, dando forma a algo que por menos expressão que pareça ter, de certa forma me fazia querer repetir a visão, quantas vezes eu conseguisse. Ainda me lembro de sua voz, dos sussurros ao pé do ouvido que mesmo sem entender algumas vezes o que ali era dito, não me importava, e não pedia a ela que os repetisse, os arrepios já não me permitiam pensar em mais nada. O toque de suas mãos pelo meu corpo eram quase como o vento em um dia de calor, deslizando suavemente, sem rumo.
Ainda me lembro, seus beijos tinham a capacidade de me levar a lugares onde não havia nada além de dois corpos e uma ofegante respiração nem um pouco interessada em retornar ao seu estado natural.
Ainda me lembro do que senti, assim que ela partiu por aquela velha porta, e assim como quando acordamos de um sonho no qual não tínhamos a minima vontade de acordar,voltamos a dormir esperando que o sonho continue do exato ponto no qual ele terminou quando os olhos se abriram...

terça-feira, 12 de março de 2013

domingo, 10 de março de 2013



Um maço de cigarro,o silencio da noite, o barulho do vento na janela e um estranho perfume no ar.
Pensamentos, questionamentos, falsos sentimentos e a sensação de que algo precisa ser mudado...
Não, não são pensamentos comuns sobre a vida, talvez seja algo que vai além disso. Um nostálgico sentimento que me leva a uma viagem no tempo, a um tempo amargamente impossível de ser repetido.
O cigarro ainda queima e já não ouço mais nada além da minha respiração...Um peso enorme cai sobre meus ombros e ja não sinto mais nada além de uma incansável vontade de sair sem rumo pela noite. Sim, sem rumo, tal como anda a minha vida.
Sonhos? em momentos como este, sonhos são apenas sonhos de uma mente sóbria em uma rotineira busca por respostas...Algo esta faltando, algo sempre esteve faltando, mas tem sido melhor me enganar com as falsas sensações de felicidade que batem a minha porta enquanto durmo, sonhando com algo que dificilmente vivo enquanto meus olhos permanecem abertos...



Somente para seus olhos...


Sabe um daqueles filmes de zumbis, chato, entediante,sem graça, comum e  tudo que você quer fazer enquanto ele entorpece sua mente é parar de assistir antes que você acabe por ver até o final e se arrependa? Pois é... 
Mas de certa forma, aprendi que as vezes um inicio ruim pode se transformar em final pior ainda, ou então em algo inesperado que te surpreenda tanto que vai te fazer querer ver o filme outra vez e talvez entender o inicio de uma outra forma.

Assim foi a minha noite...

Quase arrependido por ter começado a vê-lo, uma mudança repentina no roteiro me chama muita a atenção. Um novo personagem aparece e da um outro ar a trama que até então, o roteirista me pareceu não ter desenvolvido muito bem. E as mudanças continuavam,o filme havia tomado um outro rumo. É aquele momento em que você muda de posição no sofá, e se inclina a frente, dando aquele ar de mais interesse, é onde você contrai as pálpebras e piscar já não é algo que acontece mais a cada 2 segundos.

Tudo indicava que o filme iria ficar muito interessante, nem parecia mais aquele filme que eu comecei a ver. 
Em alguns momentos pensava ter dormido ou coisa do tipo e aquele era um outro filme que tinha começado depois, mas não, era o mesmo. A noite seguia seu rumo, normal. Mesmo ambiente, mesmas pessoas, mesma diversão. Mas sempre apareciam elementos que a tornavam diferente. Ao menos era assim já a algum tempo.

O novo personagem, mulher, cabelos negros e pele branca. Estatura mediana, mas que com o salto que usava devia chegar a mais ou menos 1,80 de altura. Traços europeus em seu rosto a definiam quase como uma bond girl dos clássicos filmes de Roger Moore. Olhar misterioso, enigmático e um belo sorriso que ao lado de sua simpatia e beleza fatal a tornava um daqueles personagens perfeitos para aquele tipo de filme, imprevisível. 

Em meio a maritacas em sua orgia matinal e zumbis estranhamente domesticados que a ultima coisa na qual buscavam eram cérebro pra se alimentar estava eu tomando minha cerveja e fumando como de costume. Observando atentamente o andar da noite,os zumbis malucos e seus estranhos modos de interagir com uma mulher, me aproximo dela para conversar. Diferente dos zumbis, não buscava um contato forçado e nem artificial como o sabor de abacaxi em uma bala chita. Não, a conversa estava mesmo interessante e eu estava bem atento no que ela dizia. Enquanto falávamos de bandas, notei uma estranha semelhança com o meu gosto musical, ela conhecia talvez o mesmo numero de bandas que eu, bandas que até então pensei que ela não conhecia. Resolvo então lhe oferecer um presente, por ter me tornado menos materialista nos últimos anos, não me preocupo muito em me desfazer de bens materiais e nada melhor que um presente e horas de conversa pra pode iniciar uma amizade com alguém tão interessante.

O filme ja estava naquelas cenas finais,todos os personagens ja haviam aparecido, cenas definidas, porém faltava um desfecho. Os zumbis ja haviam destilado todas suas inciativas perante a unica mulher presente em todo o filme, as maritacas ja haviam gritado até cansar e o sol ja estava nascendo. O primeiros sinais de uma possivel ressaca começavam a aparecer e em meio a uma mistura de sono e cansaço resolvo dar ao filme um final, mas um final onde eu não fazia a minima ideia do qual seria, mas eu precisava faze-lo. Mas ele precisava ser tão surpreendente quanto a inclusão daquele personagem. Não tinha nada em mente, resolvi deixar a naturalidade das coisas seguir o seu próprio rumo.

No final, já não me preocupava mais com o calor, nem com a ressaca, com o cansaço e muito menos com os zumbis. Só precisava fazer com que aquele filme transformasse uma péssima noite em um final a altura de um filme do scorcese. 
Eu não queria ser previsível, não criei nenhuma expectativa , tal como ela havia feito toda a noite, não deixado transparecer nada, não deixando escapar nada a não ser o seu natural poder de sedução, o suave toque de suas mãos em meus cabelos e uma conversa que poderia durar toda uma tarde que eu nem me importaria se o filme tivesse algumas horas a mais.

O filme ja havia tido o seu final e eu nem tinha me dado conta...ainda.