quarta-feira, 25 de janeiro de 2017



O que você tem visto quando se olha no espelho?
A mesma feição apática e derrotada de sempre, um olhar cansado e acomodado que desistiu dos sonhos de criança e partiu rumo a mediocridade da vida real?
A imagem de quem comete sempre os mesmos erros mas insiste em acreditar que aquela foi a ultima vez que a sua mente, escorada em um travesseiro, se arrepende de coisas que se repetem a mais tempo que a mentira de que você realmente deseja mudar?
Uma cara de sono de quem passou a noite em claro desejando que a vida fosse mais justa, reclamando do caminho que você mesmo escolheu e se arrependendo das suas próprias escolhas?
O olhar de quem não se arrisca, de quem vive o básico e se contenta com pouco, de quem sabe que perdeu inúmeras chances de ser tudo aquilo que sempre quis, mas que optou por ser só mais um. O olhar de quem não sonha, de quem espera sentado, de quem não deu valor ao que agora, é envolto em lembranças e saudades?
Um semblante sem brilho, sem histórias, que passou metade da vida esperando pela chance de ouro, pelo premio da loteria, pelo parceiro ideal, pela vida perfeita, pelo emprego que no qual não existe o minimo de paixão em ser exercido, mas que no final, o que importa mesmo são os zeros a mais na conta bancária. Que preso em um passado, deixou de viver centenas de momentos e agora passa a maior parte dos seus dias se arrependendo de tudo aquilo que não viveu?
Um semblante de quem se perdeu no próprio tempo, que passou anos e anos tentando impressionar pessoas que, na verdade, nem se importavam?
Alguém que não amou por medo de não ser livre o suficiente pra não ter que dividir com ninguém mais sua própria solidão. De quem perdeu o momento, não viveu o acaso, andou sempre em linha reta, não abraçou quem deveria ter abraçado e agora, olhando no espelho, pede a cada manhã que tudo isso seja um sonho e que ao acordar a vida seja exatamente tudo aquilo que ela não é.